O post é sobre o Mecônio no Líquido Amniótico!

Afinal, o que é o tão temido mecônio?
A partir de um determinado momento na gestação, geralmente após as 36 semanas, o feto está formado e começa a ingerir o líquido amniótico. Este processo é normal e mostra o amadurecimento do seu trato gastrintestinal. O bebê evacua e urina a cada instante na barriga. Os compostos do mecônio são os presentes no líquido amniótico (células mortas, lanugo e vérnix). Sua presença não traz problemas, apenas quando há pouca quantidade de líquido, o mecônio torna-se espesso, ocorrendo geralmente no final da gravidez e nas gestações prolongadas (>41 semanas).
A produção do líquido amniótico depende:
- Quantidade de urina que este feto elimina;
- Do funcionamento adequado dos seus rins;
- Da placenta;
Fisiologicamente no final da gestação é normal a diminuição do líquido, por isso é importante manter uma adequada hidratação da gestante e controle da pressão arterial, durante toda a gravidez.
A gravidade está na aspiração do líquido amniótico com mecônio, a Síndrome de Aspiração Meconial (SAM). Quadro que ocorre em bebês com dificuldade respiratória ao nascer, provocado na maior parte das vezes por indução do parto com ocitocina, posição deitada (pressiona a artéria uterina, dificultando a oxigenação para o feto) e, nascimento por cesariana (a extração do bebê, de maneira brusca não permite que a musculatura torácica seja pressionada como no canal vaginal, dificultando o reflexo de expelir qualquer líquido de seu pulmão).

Mas não se desesperem, nenhum bebê vai para a UTI por "engolir" mecônio ou fazer "cocô na barriga"!
O feto precisa de suporte de UTI quando "aspira" o mecônio para os pulmões. Dentro do útero, o bebê não respira pelos pulmões, pois recebe oxigênio pelo cordão umbilical. Portanto, o cuidado deve estar na vitalidade respiratória deste bebê e não na presença do mecônio.
Se a vitalidade fetal estiver preservada e o trabalho de parto com franca evolução a conduta é aguardar o parto normal.
A gestante deve ser cuidadosamente monitorada e avaliada quanto a característica do líquido. O mecônio pode ser fluído (quando há mais líquido amniótico que mecônio) ou espesso (semelhante a uma papa de ervilha). Ou seja, o mecônio em si não é o problema e sim, a quantidade de líquido amniótico.
A incidência de mecônio do líquido amniótico é de 10 - 16% em partos a termo de mulheres de gestação de risco habitual. Ser primípara e ter idade gestacional maior do que 41 semanas tem associação positiva para ocorrência de mecônio no líquido amniótico no parto. Multíparas e ter apenas partos normais em gestação pregressa, representa uma condição de fator protetor.
Concluindo...
O mecônio isoladamente, não é indicação de cesárea, mas é um achado que deve ser considerado para analisar outras formas de avaliação do bem estar fetal e pode, em determinadas circunstâncias, requerer abreviação do nascimento.
Se durante o trabalho de parto, o mecônio é fluido, o bebê apresenta boa vitalidade, boa movimentação fetal, batimentos cardíacos tranquilizadores, a mãe tem liberdade de se movimentar e se posicionar de forma a contribuir com a oxigenação fetal, é possível que se continue (com monitoramento) com o trabalho de parto.
Referências Bibliográficas:
"Mecônio é sinal de sofrimento fetal?" - Blog Estuda Melânia, Estuda - escrito por Dra. Melânia Amorim, Ginecologista, Obstetra, PhD.
OSAVA, Ruth Hitomi et al . Fatores maternos e neonatais associados ao mecônio no líquido amniótico em um centro de parto normal. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 46, n. 6, p. 1023-1029, dez. 2012 .